Para ajudar uma mãe com depressão pós-parto

O filme “O Estranho em Mim” (Das Fremde in mir, Alemanha, Alemanha) trata com honestidade e delicadeza de um fenômeno não tão raro nos dias de hoje: depressão pós-parto. A mulher atual precisa conciliar a maternidade com uma gama de outros papéis – a expectativa é que a mulher volte rapidamente para as suas atividades normais. No nosso interior, a realidade é bem diferente, e começa um conflito dramático entre a nossa identidade conhecida e as partes que não conhecemos de nós mesmas.

Gostaria de salientar dois pontos que o filme trata de maneira muito pertinente, importantíssimos para quem quer ajudar uma mãe com depressão pós-parto.
Primeiro, ela precisa de uma comunidade e pessoas que possam pedir ajuda por ela. Uma mãe cansada e deprimida pode não perceber que precisa de ajuda. Ela precisa que alguém faça essa ponte para ela e seja ativo nesse pedido. No filme fica claro que essa comunidade falhou no começo, mas aos poucos ela vai se colocando mais presente (a mãe vem do Canadá, os profissionais têm bom senso no cuidado com ela, o marido percebe sua melhora e permite que ela volte a maternar seu filho).

O segundo ponto é mais sutil, mas de extrema importância: ajudar a mãe deprimida não significa fazer o papel dela de outra maneira. A mãe que está com depressão pós-parto precisa de apoio, mas não de mãe substituta, que faça seu papel e a separe ainda mais do seu filho. É um trabalho de estar junto, acolher, modelar, escutar e acalmar. Mas é preciso muito cuidado para não invadir um espaço novo, em formação, sagrado e delicado como toda relação que se inicia.

Tania Novinsky Haberkorn − psicóloga, co-fundadora do Instituto Mãe Pessoa, atende em consultório particular no Brooklin, em São Paulo. Contato pelo email tania@maepessoa.com.br